domingo, 8 de abril de 2007

Conversar é um bom hábito

Há que criar desde logo um bom hábito: conversar.
Dinheiro, filhos, sexo, trabalho e amigos. São estes os temas de discussão obrigatória antes de qualquer relacionamento. Quanto mais estivermos de acordo, melhores possibilidades teremos de nos entender no futuro.
Para já, ficam aqui algumas considerações sobre meia dúzia de perguntas obrigatórias para perceber as expectativas e receios de cada um em relação ao futuro. Nada fica garantido, mas algumas zonas cinzentas da vida em casal, mais susceptíveis de gerar problemas, podem ficar esclarecidas.


Algumas questões essenciais

O que é mais importante, a família ou a carreira?
__ Dou muita importância aos valores familiares e à constituição dos laços já existentes. Isso significa que a nova família que vamos constituir será baseada nesses princípios. Ela é muito importante, só que para um bom relacionamento e um bom desenvolvimento afectivo não se pode descurar as obrigações profissionais tendo que cada um incentivar a carreira do outro, até porque isso será a base de um bom equilíbrio económico essencial à vida em comum. Nenhum de nós deverá abdicar dos seus sonhos para se dedicar à família a tempo inteiro. Isso destroi-a. Temos de encontrar um ponto de equilíbrio: a família como incentivo à carreira, e esta como suporte para a família.

Se eu receber uma proposta para ir trabalhar noutra cidade ou país, estás disposto a ir comigo?
__ Sinceramente, acho que não. Pretendo alicerçar a minha situação profissional antes de poder voltar a dar passos aventureiros ou inseguros. De modo nenhum pretendo neste momento, ou nos tempos mais próximos, perder a minha autonomia financeira, o que me obriga a girar em torno da Grande Lisboa. Mais perto, mais longe, isso não será problema, desde que não me obrigue a passar o tempo todo no caminho de e para o trabalho.

Vamos ter filhos? Quantos e daqui a quanto tempo?Curiosity by vancity197@stock.xchng
__ Hum! Francamente não sei o que dizer. Para já, creio que não. Já não me sinto com idade para educar mais crianças, os enjoos matinais, uma barriga que cresce todos os dias, choros a meio da noite, fraldas, biberons, papas... e, se tiveres uma idade próxima à minha ainda te sentes com forças e coragem? Se fores mais nova e achares que o teu relógio biológico está na altura do tique-taque... É um assunto que tem de ser bem amadurecido, muito bem discutido.

Já temos filhos. Vamos educá-los de forma religiosa? E nós, como vamos proceder em relação à religião?
__ Nasci no seio de uma família católica, já com tradições ancestrais. Não acredito em novos profetas nem em religiões que surgem de um dia para o outro. Sei que os tempos não são os mesmos e o valor da religião acaba por se tornar muito próprio, muito nosso, no entanto gostaria de os continuar a educar segundo os ritos e preceitos da Igreja Católica. Não é preciso entrar em «beatíces», mas os preceitos básicos gostaria de os manter. Aos olhos de Roma, continuo casado, pelo que um casamento católico, nunca o poderemos fazer. Isto só por si, dilui em muito o valor das minhas pretensões, mas mesmo assim continuarei fiel aos princípios religiosos que me foram transmitidos ao longo da minha vida. Em consciência, fiz o que me foi possível (e muitas vezes o impossível) para cumprir um juramento feito na Casa de Deus perante os seus representantes. Reservo para Ele o julgamento final do meu acto.

Como é que te sentes confortável em relação a sexo? Até onde podemos ir?
__ Sou heterosexual e monogamo. Acredito que o amor de uma só mulher me chega, satisfaz e sobeja. Em vez de praticar sexo prefiro entregar-me no amor. Desvios não me costumam nem espicaçar a curiosidade. Para mim, amor e sexo andam de mãos dadas, a dois, pelo que desde que haja respeito e, enquanto o outro estiver confortável, haverá sempre sem limites, espaço para novas experiências. Pretendo o mesmo de ti: que participes, te entregues, sintas e demonstres prazer.

Vamos ter uma conta bancária comum? Como vamos repartir as despesas?
__ A questão do dinheiro, é normalmente um assunto que se evita no início de um relacionamento, no entanto é essencial conversar sobre esse tema. Acho que o melhor é cada um continuar com a sua conta individual. Talvez não seja má ideia a utilização de uma conta comum para pagar as despesas familiares, água, electricidade, casa... Quanto à repartição das despesas, já ouviste falar em «contas à moda do Porto»? Cada um paga a sua parte, as despesas comuns dividem-se ao meio e nenhum de nós fica com a ideia de que está a ser enganado pelo outro, ou achas que deves pagar as minhas assinaturas de revistas de motociclismo ou de informática? Também pode acontecer que ganhes muito mais que eu, e se quiseres comprar um BMW último modelo será que eu posso acompanhar essa compra? Ou que se dê precisamente o contrário. Quando eu comprar a mota dos meus sonhos, não acharás que é um desperdício de dinheiro? Proporcionalidade em relação aos rendimentos de cada um? Alguém vai acabar por se sentir mal, tipo ser o parente pobre da história. Este assunto tem que ser bem discutido pelos dois. Vamo-nos conhecendo melhor e logo se decide.

Que medos e inseguranças tens em relação ao nosso relacionamento?
__ Sou um indivíduo prático. Há que falar abertamente deles à medida que forem surgindo, fruto do conhecimento que ao longo do tempo iremos ter um do outro. O Futuro? Quem é que o sabe prever? Só posso dizer que darei o meu melhor para que tudo dê certo.

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